Desenvolvimento, Período crítico e Comportamentos Motivados
De acordo com Facci (2004), o traço fundamental do psiquismo humano é que o ser humano se desenvolve com a interação social, que são intermediados por meio de instrumentos que se relacionam entre o sujeito e o objeto de sua atividade. As funções psicológicas superiores (atenção voluntária, memória, abstração, comportamento intencional, ...) são produtos da atividade cerebral, mas principalmente são consequências da interação do ser humano com a sociedade.
As formas superiores de comportamento formaram-se porque a humanidade teve uma história de desenvolvimento. Davidov & Shuare (1987) dizem que no desenvolvimento psíquico do ser humano o princípio social sobrepõe-se sobre o princípio natural-biológico. Leontiev e Elkonin trazem ideias a serem pensadas para a construção de uma psicologia do desenvolvimento histórico-social. Esses autores afirmam que cada fase do desenvolvimento da criança desempenha uma forma de ela se relacionar com a realidade. Esses estudiosos pensam que o ser humano, vivendo situações no dia a dia, adaptam-se à natureza, modificando-a, criam objetos e meios de produção para suprir suas necessidades.
Relacionando-se com o mundo, em cada fase, há necessidades específicas da criança. Segundo Elkonin os principais estágios de desenvolvimento do ser humano são: comunicação emocional do bebê, atividade objetal manipulatória, jogo de papéis, atividade de estudo, comunicação íntima pessoal e atividade profissional/estudo.
Até o primeiro ano de vida a conduta do bebê começa-se formar e cada vez mais aparecem comportamentos em virtudes das condições sociais e da influência educativa de todos que se relacionam com o bebê.
Segundo Vygotski a sociabilidade do primeiro ano de vida é única, baseada na situação social de cada criança. Determinada por dois fatores. O primeiro seria que o bebê, cuidado por adultos, desenvolve-se com a interação de seus cuidadores. O segundo fator de desenvolvimento da criança é que embora dependendo do adulto, o bebê não tem uma comunicação por palavras.
Na primeira infância a criança começa a relacionar-se com objetos, onde os adultos passam a apresentar os mesmos a criança. A comunicação emocional da criança com o adulto dá lugar a uma colaboração prática. Através da linguagem a criança mantém contanto com o adulto e aprende a usar os objetos que estão ao seu redor, assim organiza a comunicação e a colaboração com os adultos.
Perto dos dois anos a criança desenvolve muito a linguagem, que embora essa seja uma forma de comunicação com os adultos, Elkonin afirma que esta não é atividade principal nessa fase de desenvolvimento, a função principal é auxiliar o bebê a entender a ação dos objetos, interagindo com os mesmos.
No período pré-escolar, o jogo ou brincadeira passa a ser a função principal. A criança começa a apossar-se do mundo real dos objetos humanos, através da reprodução das ações realizadas pelos adultos nesses objetos.
As brincadeiras das crianças não são instintivas, são fundamentais na percepção que ela tem do mundo dos objetos humanos.
Durante o desenvolvimento da consciência do mundo objetivo, através de brincadeiras, a criança integra uma relação ativa com as coisas e com o mundo mais amplo, isto quer dizer que ela se esforça para agir como um adulto.
Segundo Elkonin, o principal significado do jogo é permitir que a criança modele as relações entre as pessoas. Influenciado pelas atividades humanas e pelas relações entre as pessoas, o jogo faz com que o conteúdo fundamental seja o homem. Simultaneamente, o jogo exerce influência sobre o desenvolvimento psíquico da criança e sobre a formação de sua personalidade. A evolução do jogo preparará para transição de uma nova fase do
desenvolvimento psíquico.
A sociedade é quem determina o conteúdo e a motivação na vida da criança, porque as atividades dominantes aparecem como elementos da cultura humana.
Leontiev, argumenta que na passagem de uma etapa de desenvolvimento para a outra, a criança começa a se dar conta que o lugar que ocupava nas relações interpessoais que circula não corresponde às suas potencialidades e tenta modificá-lo. A criança torna-se consciente das relações sociais e esse fato leva a uma mudança na motivação de sua atividade, nascendo novos motivos. A criança reinterpreta suas ações anteriores. Uma nova atividade principal surge e assim inicia um novo estágio de desenvolvimento.
Conteúdo compartilhado pela aluna Guizela Schwalm.
Conteúdo compartilhado pela aluna Guizela Schwalm.
Referências:
FACCI, Marilda Gonçalves Dias. A periodização do desenvolvimento psicológico individual na perspectiva de Leontiev, Elkonin e Vigostski. Artigo apresentado a Universidade Estadual de Maringá (UEM), 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622004000100005. Acesso em: 24/05/2020.
Comentários
Postar um comentário